quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Seguindo Alguém

(ou a história da vó Laura)



Foi num dia bem quente, ensaiando na casa vazia daquela-que-manda-a-gente-ficar-quieta. Aquela-que-manda-em-todo-mundo propôs que saíssemos para escolher alguém para seguir por trinta minutos e alterar de alguma forma o dia daquela pessoa durante aquele trajeto. O nome dela era Laura, provavelmente avó Laura. Enquanto a seguia, desenhei um coração com giz de cera e ao lado escrevi que ela era bonita. O trajeto foi curto, pois logo a avó Laura chegou à casa cheia de violetas na janela. Toquei a campainha, ela me atendeu meio desconfiada e então rasguei o coração em duas partes, dei uma a ela e a outra trouxe comigo. Ela aceitou o coração com um sorriso e nem perguntou porque eu fazia aquilo, mas me mandou tomar um café com ela qualquer dia desses. Eu, depois do sorriso recebido, lhe disse que meu dia estava diferente porque eu a tinha conhecido. Pude olhá-la bem nos olhos, eram azuis e redondos como da avó Natalina, que conheci há muito tempo e depois foi embora (a vó Talina, como a chamávamos, também tinha muitas violetas). Mas esta semana passei em frente à casa de Laura e tinha uma grade de ferro na janela das violetas. Aquela nova informação também alterou meu dia.

Para mim, talvez a questão não se encontre no fato de tornar o dia mais feliz ou mais triste, mas quando algo acontece porque provocamos, tenho a impressão de que o mundo todo gira um pouquinho por causa da nossa ação, e esta impressão é boa.

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