sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ritual pra fazer o seu namorado feliz - o começo

(ou conversando no msn)

A conversa começou antes no celular, a namorada mandou uma mensagem perguntando cadê o namorado no msn.

no msn:

Namorado disse (12:05):

tã dãã

Namorada disse (12:05):

ahhhhhhh

tá aí vc! haha

Namorado disse (12:05):

(:

Namorada disse (12:06):

td bem

Namorado disse (12:06):

to loooooco de saudade

Namorada disse (12:06):

to fazendo aquela máscara de beleza de novo! hahahah

eu tb.

Namorado disse (12:06):

e você, como está?

Namorada disse (12:06):

viu, to com umas idéias pro nosso próximo sábado.

não marque nada

haha

Namorado disse (12:06):

fez foto de máscara de beleza pra eu ver? háá

ideias?

conta

Namorada disse (12:06):

fica on

Namorada disse (12:07):

dai te mostro

Iniciando uma Chamada de Vídeo com Namorado ...

Encerrar Chamada (Alt+Q)

Você cancelou a Chamada de Vídeo.

Namorado disse:

mostra

Namorada disse diz:

shii

minha cam não tá rolando no msn..

merda

Namorado diz:

isso, me deixa curioso =p

Namorada disse diz:

rsrs

entao

eu e aquela-que-manda-em-tudo estamos pensando em umas coisinhas aqui

Namorado diz:

to puxando o skype

Namorada disse:

usar nossos namorados sexualmente

marcar, um dia

fazer um ritual

lNamorado diz:

oO

hm

Namorada diz:

haha

depois te explico tudo

l Namorado diz:

é, quero saber tudo MESMO

HAHAHHA

Namorada diz:

a gente tá querendo fazer o blog render, daí vamos propor pra todas as pessoas

que façam seus namorados flizes no próximo sábado

e contem suas histórias, sabe

haha

Namorado diz:

uya

sei.

HAHAHHA

então, você vai usar a imaginação sábado, é isso?

Namorada diz:

tipo, claro que a idéia foi minha, né? haha

já estou usando, amor

Namorado diz:

Uia!

Namorada diz:

e essa conversa vai pro blog, vou copiar e colar

lucas diz:

aé!?

Namorada diz:

mas tiro nossos nomes, prometo! ha

tem que manter o anonimato por lá

Namorado diz:

me conta mais detalhes aí, então.

(:

Namorada diz:

então, tudo começou com uma provocação no blog daquele nosso amigo, nesse último post dele. disse que tem certeza que as mulheres gostam e aproveitam mais o sexo do que o homem.

eu fiz um comentário e dentre outras coisas perguntei o que fazia ele crer nisso

daí ele fez de conta que não viu e ignorou.

daí outra moça disse assim: reforço a pergunta da namorada, o que te faz crer nisso

ele respondeu uma coisa que não me convenceu, mas disse que isso era mais uma provocação do que uma afirmação

daí eu e aquela-que-manda-em-tudo aceitamos a provocação

e sábado que vem será o dia dos namorados felizes

mas eu não posso falar mais nada senão perde a graça

haha

Namorado diz:

hahaha to lendo agora!!

Namorada diz:

né?, super me ignorou

haha

e se deu mal! rs

Namorado diz:

AUHUAHA

eita.

eu to escrevendo e apagando

aHHAHA

eu nem sei o que dizer

Namorada diz:

como assim?

Namorado diz:

pq eu não imagino o que você vai fazer

Namorada diz:

coisas que vc tem vergonha de que apareçam no blog?

rsrs

amor, vc sabe como é a minha imaginação, né? rsrs

Namorado diz:

não, tenho medo disso não

to é ansioso pra saber o que vai acontecer ;D

Namorada diz:

tem alguma música pra entrar na trilha sonora?

Namorado diz:

e eu gosto dessa sensação de surpresa, de não saber o que vai rolar

Namorada diz:

deixo você escolher uma

Namorado diz:

Urge Overkill - Girl, You'll Be A Woman Soon

(;

Namorada diz:

ok, vou procurar

Namorado diz:

amor, volto já

1 minuto

Namorada diz:

ok

baixou o skype pra ver minha cara verde do ritual de beleza?


E a conversa continuou no skype...


Ass> la_belle

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Seguindo Alguém

(ou a história da vó Laura)



Foi num dia bem quente, ensaiando na casa vazia daquela-que-manda-a-gente-ficar-quieta. Aquela-que-manda-em-todo-mundo propôs que saíssemos para escolher alguém para seguir por trinta minutos e alterar de alguma forma o dia daquela pessoa durante aquele trajeto. O nome dela era Laura, provavelmente avó Laura. Enquanto a seguia, desenhei um coração com giz de cera e ao lado escrevi que ela era bonita. O trajeto foi curto, pois logo a avó Laura chegou à casa cheia de violetas na janela. Toquei a campainha, ela me atendeu meio desconfiada e então rasguei o coração em duas partes, dei uma a ela e a outra trouxe comigo. Ela aceitou o coração com um sorriso e nem perguntou porque eu fazia aquilo, mas me mandou tomar um café com ela qualquer dia desses. Eu, depois do sorriso recebido, lhe disse que meu dia estava diferente porque eu a tinha conhecido. Pude olhá-la bem nos olhos, eram azuis e redondos como da avó Natalina, que conheci há muito tempo e depois foi embora (a vó Talina, como a chamávamos, também tinha muitas violetas). Mas esta semana passei em frente à casa de Laura e tinha uma grade de ferro na janela das violetas. Aquela nova informação também alterou meu dia.

Para mim, talvez a questão não se encontre no fato de tornar o dia mais feliz ou mais triste, mas quando algo acontece porque provocamos, tenho a impressão de que o mundo todo gira um pouquinho por causa da nossa ação, e esta impressão é boa.

Fazendo o dia de alguém feliz

(ou a história do casal de velhinhos)

Teve um dia que ensaiamos na antiga casa daquela-que-manda-a-gente-ficar-quieta, que fica no centro de Barão Geraldo. Aquela-que-manda-em-tudo nos deu a missão de, em 30min, ir para a rua e mudar a vida de alguém. Uma missão individual. Segui um casal de velhinhos. Ele era grande, alto e forte. Ela era pequena e baixa. Andavam lentamente, com dificuldade, de mãos dadas. Umas 2 vezes ele fez um movimento com a perna direita indo para o lado, no alto. Me lembrou "Dançando na Chuva". Enquanto eu os seguia, escrevi numa folha de sulfite o refrão de uma música. Quando eles pararam para cumprimentar uma outra senhora, interpelei-os. Disse que eu tinha a missão de cantar para alguém. Foi a primeira coisa que me veio à mente: cantar aquela canção. Cantei. A senhora que acompanhava o senhor começou a chorar e me abraçou de um lado (esquerdo). A outra senhora me abraçou do outro lado (direito). O senhor se manteve parado no meio, engolindo o choro que quase saía dos seus olhos. Eu fiquei sem saber o que fazer. Eu só queria fazer o dia de alguém feliz. Então, eu disse isso. Aí a senhora que chorava se afastou e disse que eu tinha feito o dia de alguém feliz e me pediu desculpas, dizendo que estavam com problemas na família. Eu disse que não queria me intrometer, mas perguntei se eu poderia saber o problema. Então, o senhor levantou a camisa do lado esquerdo e eu vi uma bolsa de hospital acoplada no seu corpo. Ela me disse que ele estava com câncer. E ele completou me dizendo que tinha saído do hospital no dia anterior (quinta-feira), que iria tomar café com sua mulher e que na segunda-feira a quimioterapia começaria.

MInha avó está com câncer. Na época, os resultados dos exames estavam saindo e a famíla estava abalada. Eu chorava muito. Saber que aquele senhor estava com câncer e que eu tinha cruzado o caminho daquele casal me fez acreditar em Deus e, ao mesmo tempo, ficar com raiva dele. Parecia que Deus estava me testando. Mas eu só senti isso no caminho de volta para a casa daquela-que-manda-a-gente-ficar-quieta. Enquanto eu estava na frente deles eu aceitei a missão. Falei da minha avó. O sotoque do senhor era puxado. Intuí que ele poderia ser do Rio, onde morei em 2007 e alimento uma relação de muito carinho.

Eu: Você é do Rio?

Ele: Sim!

Eu: Flamenguista?

Ele: Claro!

Eu: De que lugar você é?

Ele: Da Glória!

E assim, falamos do Rio com carinho e saudade.

Eles prosseguiram seu trajeto. Antes: "Tenham fé!"

Sobramos eu e a outra senhora, que me deu algumas informações a mais do casal. Não tinha mais importância. Dei tchau para ela e para a sua empregada negra, que lavava a calçada, mas que parou no momento em que eu cantei (eu percebi) e que prestava atenção na nossa conversa.

Voltei chorando e pensando em Deus.

Cheguei na casa da-que-manda-ficar-quieta mais cedo do que o previsto por aquela-que-manda-em-todo-mundo, que imediatamente me mandou voltar para a missão. Eu disse que não iria porque já havia terminado a minha. Ela me mandou fazer de novo, com outra pessoa. Eu disse que não.

Fiquei esperando dar o tempo. Andei na calçada, fui até a praça, acompanhei o que aquela-que-manda-ficar-quieta estava terminando de fazer...

Quando todas estavam na casa, aquela-que-manda-em-tudo pediu para que, andando em fila pela casa, interagíssemos entre nós através do material que tínhamos acabado de recolher. Eu não conseguia. As meninas falavam frases soltas, que me soaram engraçadas. E eu ainda pensava no casal, na minha avó, em Deus... Imaginei que alguém poderia fazer o mesmo com a minha avó. Pensava em ver o casal de novo. Lembrei que a folha de sulfite era de rascunho, que tinha o telefone daquela-que-manda-em-tudo digitado. Eu tinha que contar toda a história. Não queria contar partes. Levantei minha mão direita ao alto para pedir para falar. Nesse momento, aquela-que-manda-em-tudo disse: Isso! Você quer falar, pede para falar, mas nunca consegue! Eu: Nunca?! Isso me deu um nó na garganta. Mas fui me acalmando. Uma hora eu iria falar. E eu consegui falar. Elas me olharam atentas. Lembro de alguém chorando. Aquela-que-manda-em-tudo chorou também.

Hoje eu passo na frente da casa da 2ª senhora e sinto vontade de bater na porta para perguntar do senhor. Tenho medo. Eles nunca ligaram.

Contar isso em cena é estranho e nostálgico. Lembro deles e penso em Deus. Mas para quem escuta a dúvida fica: será que isso realmente aconteceu?

Enquanto eu escrevia esse texto, eu chorava. Enquanto eu escrevia esse texto, eu escutava "De onde vem a calma", dos Los Hermanos. Eu tenho escutado muito essa música e me perguntado: será que o Marcelo Camelo viu esse cara na rua? Eu já imaginei esse cara na Lapa, no centro do Rio e parado no ponto de um ônibus. Será que essa história é real? Ou ele está falando dele mesmo? Ou de mim?

Ass.: Aquela-que-usa-salto-e-briga-com-as-outras.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Tem coisas que só a tequila faz por você

(ou reatando o namoro!)

Alguns meses longe do atual (que por um tempo foi ex) me fizeram bem, aproveitei. Mas uma hora a cabeça volta no lugar (de onde nunca deveria ter saído) e resolvo, após uma noitada de dor de cotovelo regada a muita tequila, rodar os bares da cidade enquanto o dia quase amanhecia, jurando que iria encontrá-lo de braços abertos para me receber de volta.

E não é que encontrei? Tudo bem, Não foi bem de braços abertos... Na verdade, ele estava muito bem acompanhado. E com muita gente. Acho que ele tirou este dia pra chutar o balde, entende? Aquele dia que você resolve esquecer que a ex-namorada (no caso eu) existe? Pois é! O encontrei muito regado de qualquer coisa com um alto teor alcoólico, mas não tive dúvida: da porta do buteco, que já estava quase fechando, o chamei muito discretamente: “ Ô (fulano), vem aqui!!! Preciso falar uma coisinha com você! “Nesta altura eu já não me importava em estar descalça e descabelada, claro! E em alto e bom tom continuei: “ O que aquelazinha ali está fazendo ao seu lado?!

Neste momento, o tal (fulano) recuperava-se de sua bebedeira e tomava a sábia decisão de me tirar do bar, ao menos amenizando a ressaca moral que, provavelmente, eu teria no outro dia. Ao mesmo tempo, o amigo (da onça) que me levou naquele bar, provavelmente por perceber que mesmo sem a menor condição, eu seguiria “de noite, eu rondo a cidade, a te procurar...”, surgiu numa tentativa de socorro, sem êxito, diga-se de passagem.

Como se não bastasse, um conhecido íntimo (beeem íntimo) meu estava na mesma mesa que o fulano, com o mesmo teor alcoólico no sangue, e veio reatar conversas desenvolvidas comigo desde o término entre eu e o (fulano)...aff... é muito azar...!!!! É claro que o (fulano) não sabia e nem deveria saber de nada!!! Pronto! O circo estava armadíssimo, como nunca. Apenas me recordo do ex empurrando o outro, o amigo tentando separar, eu tentando me manter em pé chorava e tentava convencê-lo que ainda o amava...

De alguma forma acho que ele se comoveu com tamanha demonstração de amor, rs, saímos daquele lugar, não me lembro muito bem como, mas posso garantir que, daí pra frente, eu e o ex nos entendemos muito bem, deixando o amigo da onça (que injustiça, rs!!!) resolvendo a situação armada...

Ah! E claro: aquelazinha ali se tratava de uma das melhores amigas do fulano, e por muito tempo, quando se encontravam, ela perguntava o que ele ainda fazia com a menina baixaria...ui!!!

Ass.: aquela-que-ainda-namora!


Meninas, o House tá impossível nessa sexta temporada. me pegava fáááácil...

lili

ritual do conhecimento, parte 2

o moço nunca mais entrou no msn. acho que assustei ele com essa doideira.

la_belle

Noite de Sábado

Noite de sábado, viro à direita na rua escura e procuro o número anotado durante a reunião de pauta no guardanapo do bar de esquina. Paro em frente ao portão preto, olho no retrovisor e vejo dois carros parados atrás de mim. Ufa, elas vieram! Sábia decisão essa de fazer a matéria no mesmo dia que me foi solicitada pela editoria. Movidas pela sensibilidade etílica, as meninas decidiram me acompanhar. Ainda no bar, pensei em me disfarçar de outra pessoa e troquei de roupa com a manu, pro caso de encontrar algum conhecido.

Olhando o lugar começo a achar que o vestidinho xadrez com meia preta da Manu é muito ‘cult’ pra uma casa de swing, chama muita atenção.

Pânico: como num filme antigo, começo a imaginar projetadas fotografias 3x4 de todos os amigos do meu pai. E se tiver um conhecido aí? A voz da editora chefe ecoa na minha cabeça: - como se eles estivessem na missa e você na zona! Todo mundo lá ta no mesmo barco! Coloco a franja recém-cortada na frente do rosto e vou em frente.

Faço como o combinado: jogo luz alta no portão, que se abre em alguns segundos. O estacionamento lotado revela que na cidade existem muitos apreciadores dessa, vamos dizer, prática. Enquanto a ansiedade aumenta corro o olhar pelos carros pra ver se não encontro nenhum conhecido. Logo na entrada, a primeira surpresa: esperava algo parecido com um hall de motel chique, mas encontrei uma recepção de boate. Percebendo o atordoamento a atendente me pergunta:

- é a primeira vez? Sem saber o que dizer e olhando pras caras pasmas das minhas 5 acompanhantes respondo:

- sim, viemos pra uma despedida de solteira.

- Que Legal, quem vai casar?

Pior que mentir é inventar na hora. Olhando a manu com o meu jeans e blusinha aponto pra ela e digo:

- casa-se na semana que vem!

Ela parabeniza a noiva e nos acompanha até uma mesa para as 6 mulheres da despedida de solteira.

Feito isso, começamos um tour pelo local, antes que o ‘show’ começasse. A pista de dança é cercada por portas que levam a ambientes-cenário para a prática sexual. Ainda vazios, pudemos observar com calma cada um deles: pequenas suítes que podem ser chaveadas, cabaninhas feitas com um tecido preto que pode ser aberto a qualquer momento por algum curioso que queira somente assistir, cadeiras do prazer (que até agora não entendi direito como funcionam), ‘casinhas’ individuais com buraquinhos na parede para fazer o que a imaginação mandar com quem não se pode ver e o mais intrigante de todos: o camão, uma cama enorme cercada por sofás e poltronas.

Quando começo a me dar conta das coisas que ainda aconteceriam durante a noite, nossa guia nos convida a voltar à mesa: o show iria começar. No caminho ela faz as últimas recomendações:

- a casa encerra as atividades às 4 da manhã. Nos sábados entram somente casais e mulheres solteiras, sendo assim, contratamos dançarinos para divertir vocês. E por último, mas não menos importante, aqui dentro não é não. Se forem importunadas por alguém é só chamar um dos meninos.

Começa o espetáculo: Alexandre, o bombeiro, entra com um extintor e começa sua performance, por assim dizer. Passa entre as pessoas, toca e é tocado por aquelas e aqueles que desejam. Sai de cena com a mão protegendo o ‘brinquedinho’ tão logo tira sua última peça de roupa. Assumem o posto duas meninas, uma loira e uma morena. Uma de branco e a outra de preto. Dicotomias pra todos os gostos. A apresentação delas demora mais um pouco, levando à loucura muitos dos presentes. Tiram toda a roupa, beijam e são beijadas, tocam e são tocadas por homens e outras mulheres. Os homens vão ao delírio quando vêem as duas se beijando. Escolhem um entre tantos outros, levam ao meio do salão e o atacam com beijos, carinhos e amassos ao som de músicas de gosto muito duvidoso.

Assim que elas saem, entram os dançarinos descalços e de sunguinha. Alguns realmente lindos, fortes e másculos. Pro meu desespero, eles foram avisados da nossa despedida de solteira e vem em nossa direção. Chamam as meninas da ponta mais próxima da mesa pra dançar, mas a Manu recebe ‘atenção especial’ é carregada no colo até a pista por um deles. Ela me olha com cara de vou te matar, mas gosta da brincadeira e aproveita.

Aproveito pra observar as pessoas do local, que tem a luz baixa e não permite o reconhecimento geral de uma só vez. É preciso percorrer cada canto com o olhar pra conseguir identificar características do público, em geral formado por casais de 40 anos em média. Alguns mais novos e outros beeem mais velhos (pra minha surpresa).

Um casal aproveita os lugares vagos e senta-se na nossa mesa. Muito diretamente me perguntam se eu topo um programa com eles. Pasma, digo que não sei, que é minha primeira vez na casa. Começamos a conversar e pra me ‘acalmar’ me revelam que são casados e freqüentam a casa a sete meses. – você vai ver, é bem gostoso, ela me diz e completa: você faria por dinheiro? Conversamos mais um pouco e eu digo que não me sinto a vontade. Eles respeitam, inclusive porque sabem que logo encontram outra pessoa que aceite.

Distraída pelo episódio, nem me dei conta de que o salão esvaziou. Alguns poucos estão com os dançarinos na pista. Crio coragem e volto aos lugares públicos iniciais acompanhada por uma das meninas. O combinado é olhar cada cantinho e detalhe pra depois compartilhar. Sinto falta da minha câmera fotográfica. A luz é tão baixa e o ‘apelo visual’ tamanho que facilmente passaria despercebida.

Tem espaço pra todos os gostos: casais que gostam de ser vistos, pessoas que brincam sozinhas enquanto olham esses casais, pessoas que começam observando e acabam entrando na brincadeira das outras, gente que ‘tenta a sorte’ nas paredes com buraquinhos e gente que compartilha desejos e brincadeiras na cama coletiva. Dentre eles, reconheço o casal de antes.

Do cantinho vazio e escuro, acostumada às horas de laboratório de fotografia, observo sem ser notada tentando não interferir nos acontecimentos. Depois de algum tempo, encontram um outro casal e assim se determina a primeira troca da noite. Os demais abrem espaço e se acomodam nas poltronas e sofás que ficam ao redor, sem serem intimidados ou pararem o que estão fazendo.

De maneira bastante natural, os dois casais começam com carinhos em grupo e logo se dividem em pares. Um com a mulher do outro e vice-versa. O que se segue todos nós conseguimos imaginar. Com uma pitada a mais de emoção e competição, me parece uma tentativa de provar pras mulheres, a sua e a do outro, quem é o melhor. Quando os primeiros terminam, se juntam aos outros e os quatro seguem até o final.

Eu curiosa pra saber como tudo terminava, sou notada. Com a sala cada vez mais cheia, as pessoas foram se aproximando e chegaram ao meu cantinho. Só percebo quando alguém se esbarra. Sentindo mais alguém do lado, sem nem olhar pra onde estava pegando, ele alcança a minha bunda. Levo um susto, chegou a hora de ir embora. Sem pensar muito, me levanto e sigo em direção à porta. Antes de sair, olho os dois casais, que já estão se vestindo. Eles se despedem: beijinhos pras meninas e aperto de mão pros meninos.

Penso comigo: pois é, lavou, ta novo! E saio cantarolando a que pra mim seria a música tema dos acontecimentos da noite: não sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem. Já sei onde ir, já sei onde ficar agora só me falta sair. Se bem que marisa monte não combina em nada com a noite. Crio então uma trilha sonora mais adequada, repleta de créus, tchans, calipsos e tudo de mais ‘caliente’ que existe na música pop nacional. Daquelas que pedem pouquíssima roupa e que levaram tantos à loucura no início da noite.

Não, eu não me rendi aos apelos da vontade. Pelo contrário, saí de lá com o coração mais cheio de certeza de que meu amor é de um homem só, embora ainda não o tenha encontrado. E sim, a Manu existe, só não vai se casar nem se chama Manu. Mas é certo que ela gostou! Até a próxima, com mais uma aventura.

la_belle